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22 de abril de 2000 - Terra à Vista !

"O pior naufrágio é não partir"
Amyr Klink

Ao contrário do que se pensa, as coisas estão tranqüilas por aqui. A região entre Porto Seguro e Santa Cruz de Cabrália está muito bem policiada, mas nossos índios não estão nada contentes com as comemorações de 500 anos. Chegando de várias partes do Brasil, tais como Amazonas, Minas Gerais, Mato Grosso e Acre, nossos índios alegam que o Brasil não foi descoberto, mas sim invadido. Entretanto, eles protestam em paz, cantando e dançando numa reunião de 180 etnias. Esta foi a primeira vez que vimos um índio no dia do índio (19 de Abril).


Nosso 22 de abril se passou no mar, com vista para a costa de Santa Cruz de Cabrália, a mesma visão da esquadra de Cabral há 500 anos atrás. Como ? Estávamos na Vila Náutica, local onde se recepcionou os participantes da Regata 500 Anos, quando conhecemos Amyr Klink, conhecido velejador solitário, e que também andou em um Troller T5 quando participou do último Rally Paris-Dakar. Aliás, este mesmo carro esteve na nossa despedida em São Paulo, no Bar Athílio.

O Paratii, seu veleiro, ia participar de um desfile juntamente com outros barcos em Porto Seguro e nós fomos gentilmente convidados a acompanhá-los.

A bordo estavam dois portugueses, do veleiro Mariposa, Juca e Duarte, e mais três amigos do Amir, dentre eles Ronaldo "Tigrão", um traqüilo amante da natureza que o acompanha em algumas aventuras.

Conversamos com o Amyr em sua verdadeira casa, que por sinal é muito bem equipada: cozinha, dois banheiros, 8 camas, Lap top, rádio, bússolas, GPS e alguns objetos que também carregamos conosco em nosso Troller... As fotos da família estão por todo lugar.

Depois de uma manhã nublada, o sol apareceu e nos acompanhou no passeio. O mar embalou as várias saborosas histórias do velejador, dentre elas a do amigo que fez na Antártida, um elefante marinho que batizou de Teobaldo. Amyr descreveu a corrida de acasalamento dos pingüins e um pouco sobre como é passar tanto tempo sozinho "entre o céu e o mar". Foi um ótimo incentivo para quem ainda vai ficar sete meses na estrada !

Assim comemoramos com nossos novos amigos "o dia do descobrimento do Brasil" , ao vento da costa brasileira e na visão dos navegadores portugueses do século passado.

Não haviamos pensado que seria assim, na "casa" de alguém tomando vinho da Ilha de Madeira e ouvindo histórias dos sete mares. Realmente esse dia surpreendeu. Mexeu com todos nós. Amyr deixou de ser um mito e tornou-se um amigo.

Trilheiros do Brasil, até a próxima!