abr | mai | jun | jul
ago | set | out | nov
diário 1 | diário 2 | diário 3 | diário 4
diário 5 | diário 6 | diário 7

Mundos tão próximos, mundos tão diferentes...


Infelizmente não pudemos conhecer Fortaleza do jeito que fizemos com outras cidades. Aguardando a revisão do Troller, enlouquecemos entre quatro paredes, atualizando todos os nossos trabalhos. Mas, sempre com um olho na janela, focamos nossos objetivos para o calçadão da Praia de Mucuripe, e descobrimos que o mesmo divide a orla em dois mundos opostos. Fomos mergulhar em cada um.

De um lado da Avenida, estão os melhores hotéis da cidade, com uma arquitetura moderníssima e restaurantes finos. Do outro, um território típico de pescadores no meio da cidade grande.

Assim visitamos o Mucuripe, a casa noturna mais badalada da cidade. Ficamos impressionados. Em São Paulo não há nada igual, tanto em termos de organização e segurança quanto em relação a opções oferecidas ao público. A casa conta com dois restaurantes, um com ambiente mais social e outro em estilo mexicano, sala de jogos, duas pistas de dança, vários bares estrategicamente localizados, um palco para grandes espetáculos e desfiles, além de um enorme hall onde circulam todas as novidades da moda brasileira.

Por ser Fortaleza um importante pólo têxtil, sempre acontecem desfiles que introduzem as últimas tendências da moda mundial, cuidadosamente pesquisada pelos fabricantes e lojistas.

Mas, o som que agita a moçada produzida e despreocupada atravessa a rua, o calçadão, passa pelas areias e chega aos ouvidos cansados do pescador, dormindo pesado em sua jangada, na própria praia de Mucuripe, sonhando com sua rede de arrastão lotada de camarão e lagosta.

Cruzando a fronteira de dia, vê-se a beira mar repleta de jangadinhas e "lanchas", como os pescadores chamam um barco de madeira com motor, e uma sociedade à parte. Com horários adversos aos demais da sociedade, os homens do mar saem de madrugada e retornam somente em torno das dez e meia da manhã, quando expõem seus peixes em barraquinhas para vender a atravessadores e donos de pequenos restaurantes. Para pescarias maiores, chegam a passar mais de 3 dias em alto mar.

O peixe aqui também funciona como moeda local. Usualmente, os pescadores trocam e negociam suas mercadorias, fato que nunca tínhamos verificado antes. Ao meio dia, param para o almoço e passam a tarde jogando dominó, refazendo redes, fazendo manutenção nos barcos ou, infelizmente, nos quiosques de caçacha.

Irmão Francisco, pescador que nas horas vagas faz passeios com os turistas, nos contou sobre a marambaia. É uma forma simples de se formar um pesqueiro e a idéia tem sido usada até como promessa de político para as próximas eleições.

Ela consiste em juntar toda espécie de sucata e pneus velhos num determinado ponto do mar e esperar que se forme um novo habitat para os peixes. Esta idéia nos pareceu um pouco estranha no começo, mas tem sido uma forma de garantir boas pescarias em menos de um mês de espera.

Os pescadores garantem que não há danificação ao meio ambiente. É assim que se garante a lagosta e o camarão servidos nos finos restaurantes de outro lado da rua.

Mas como se guiam até o ponto exato da marambaia ? Francisco nos explicou que se guia pelos prédios da avenida e pela Serra da Pacatuba, à direita da praia. Segue até o largador, deixa a fatexa e perfila até o pesqueiro. E esta foi a mesma visão que tivemos de dentro dos barcos que "estacionam" nas areias. Mundos tão próximos, mundos tão diferentes...

Terminamos nossa estadia em alto estilo, com novos passeios às altas dunas da cidade e com mais uma troca de pneus do nosso carro. Agora que seguimos viagem pelas praias e trilhas mais desertas, verdadeiras estradas beira-mar, nosso carro ficou mais seguro graças aos Pneus Scorpion Mud, da Pirelli, um de nossos patrocinadores. Agradecemos a todos de Fortaleza e São Paulo que contribuíram mais uma vez com nossa segurança para os próximos meses. Até mais !